quarta-feira, 20 de abril de 2016

Porque vivemos em democracia?

Tenho para mim que as revoluções sociais e políticas, por conseguinte exacerbação de ideologias, são desencadeadas pela constatação de grandes, por vezes progressivas, assimetrias financeiras e económicas.
Tenho também para mim que o Homem (homens e mulheres) só estabelecem objetivos que sabem poder alcançar, com mais ou menos trabalho, esforço e/ou sacrifício. Decorre deste pressuposto que o equilíbrio, satisfação, e felicidade humanas dependem em primeira instância da expectativa de cada um, e não tanto do que se alcança em absoluto. Provavelmente, o meu sobrinho que faz este ano 18 anos, no primeiro dia em que conduzir um carro sentir-se-á tanto (ou mais) feliz que o Cristiano Ronaldo ao conduzir o seu novo "Ferrari!" Essa satisfação é também progressivamente decrescente com a utilização do produto. O segundo dia do 'novo' carro não será tão entusiasmante até ao ponto em que conduzir só voltará a ser satisfatório com... um novo Ferrari! (o primeiro carro que conduzi foi-me emprestado por um familiar. Era um fiat panda, branco, três portas...)
Existe, na natureza das relações humanas, como que uma necessidade de altos e baixos, de oscilações mais positivas ou mais negativas, de perdas e conquistas, de fluxos laminar e turbulento. Acontece na relação de cada um de nós consigo próprio, na aquisição e utilização de produtos, na relação que estabelecemos com os outros...
E como será nos processos de organização social?
Estaremos alheados da vantagem de conduzir um carro e preferimos provocar um acidente para passarmos a andar a pé?
Estaremos de tal forma desacreditados com a democracia, que um destes dias acordamos confortavelmente a viver num regime totalitário?
Considero que existe uma grande distinção entre valor da democracia e valor dos eleitos democraticamente. A organização da sociedade, suportada na democracia, provavelmente será consensual entre os portugueses. Da mesma forma, mas em sentido contrário, a maioria da população não se revê no comportamento de grande parte dos políticos.
Hoje, anestesiados com o deprimente circo mediático da presidência do Brasil, não nos indignamos com a demagogia no discurso da política Portuguesa. Candidatos que prometem determinadas medidas (mais emprego, menos impostos) e que depois de eleitos aumentam impostos e não garantem condições para efetiva criação de emprego, são tão frequentes nos últimos 20 anos de governação que «o povo» já aceita que assim seja.
Imaginemos que um qualquer candidato, teria nas últimas eleições legislativas proposto manter a carga fiscal (IVA e IRS/IRC), o congelamento das progressões na função pública e manutenção (com tendência para reduzir) das contribuições sociais? Quantos votos iria obter…?
Sou então levado a crer (crença) que o ‘político’ para ser eleito, terá de apresentar propostas ‘agradáveis’ aos eleitores, sabendo desde logo que essas propostas serão ‘não concretizáveis’.
Após a eleição, gere o seu timing político (carreira) para em momento oportuno vir explicar, frequentemente em tom vitimizado, que o ‘interesse nacional’ (demagogia) se sobrepõe à verticalidade e honestidade que se impõe ao ‘homem como animal político’ (na versão de Aristóteles).
Constato que o ‘homem político’ sabe que hoje, para aceder ao poder e com isso pretender ‘fazer o bem’, terá de usar esta demagogia. Constato mas não concordo! Aliás discordo veementemente!
Acontece portanto, e aqui talvez a minha maior preocupação, que o exercício da política (ações dirigidas para o bem público e bem estar de toda a sociedade) a par da valorização da democracia, deram rapidamente lugar ao exercício do poder recorrendo a estratégias/técnicas de comunicação ‘de massas’, declinando em absoluto o imperativo da ética de responsabilidade.
A procura do bem comum e o exercício do poder, são ambas legítimas dimensões da ciência política ‘moderna’… mas o segundo é e tem de ser, um meio para atingir o primeiro, e não um fim em si mesmo…

Estive esta semana com um concidadão do norte da europa, que a propósito do que se comenta «nos Paços da Comissão Europeia» sobre as discrepâncias entre o orçamento do estado para 2016 já aprovado na AR e o programa de estabilidade exigido por essa mesma comissão, fez o mesmo ar de espanto que um de nós ao olhar/ouvir declarações dos 367 deputados brasileiros que votaram a favor do impeachment da Presidente Dilma…
e não me parece que a semelhança/diferença seja de índole geográfica...

Beijos e Abraços
AT

quinta-feira, 7 de abril de 2016

Dia Mundial da Saúde.
Saboreio um quadrado de chocolate enquanto escrevo este texto, no dia mundial da saúde, ‘dedicado’ este ano à Diabetes.
Pensar a saúde de uma comunidade é de facto um enorme desafio.
Hoje, apenas vou lançar tópicos para a discussão/textos seguintes:
1) OMS, Adelaide 2010
2) OMS, Helsínquia 2013 
3) Comissário Europeu da Saúde e Segurança Alimentar, Vytenis Andriukaitis hoje e amanhã em Portugal.
Afirmou que deve haver uma:
«mudança radical que permita passar do tratamento de doenças para a promoção de uma boa saúde e temos de começar pelos nossos cidadãos mais jovens». Uma em cada cinco crianças em idade escolar é obesa ou tem já excesso de peso e este número está a aumentar. A menos que comecemos a incutir na nova geração, desde o início, hábitos alimentares saudáveis e exercício físico, iremos criar uma geração de crianças que são “gordas para toda a vida” e sistemas de saúde que lutam para controlar a situação».
E mais
4) Amanhã talvez dê um pulo ao Mercado da Ribeira
5) Hoje o Ministério da Saúde atribuiu 8 (oito) medalhas de serviços distintos do Ministério da Saúde.
6 a médicos e 2 a não médicos

Saúde para todos…

AT