domingo, 18 de março de 2018

Paradoxum



No final de um período pessoal muito especial, voltamos aos sentimentos antagónicos.
Seguramente que nas nossas memórias de infância, onde o tempo nos dizia para esperar, guardamos momentos vividos em que o desejo de ficar se digladiava com a vontade de ir para regressar...

Estas contradições emocionais talvez traduzam em parte a enorme complexidade da mente humana… num desafio permanente e ambivalente de viver e sentir o presente, nostálgico com o passado e ansioso pelo futuro.

Por paradoxal que possa parece, quantas vezes não vivemos igualmente, a felicidade antecipatória de uma ocasião, e a melancolia de, estando ainda a vive-la, sabermos que é tão, mas tão efémera…? quantas vezes não abdicamos de viver um presente que já não sendo passado ainda não é futuro…?

Recordo uma vez mais a frase de um poema de Ricardo Reis: “Sê todo em cada coisa. Põe quanto és No mínimo que fazes”. Recordo e de alguma forma adapto para: “vive todo em cada coisa. Vive quanto és no mínimo tempo que tens”…

Aquele tempo que já lá vai, diz-nos hoje que já nem ele pode esperar… na azáfama avassaladora em que vivemos, parece que a própria hora vive já atrasada…

Foi muito bom e estou muito satisfeito… não sabia se seria capaz da forma com
o fui… mas já está…

agora que começa o dia do pai, termina o tempo do pai…